Insensível. Título de uma música dos Titãs. E agora também título deste post. Não necessariamente esta música,mas um evento relacionado a ela me motivou a escrever isto aqui, que tem uma ligação também com os posts anteriores, principalmente aos do "dossiê emo".
Explico: estava eu vendo uns vídeos dos Titãs no You Tube, e resolvi assistir ao dessa música, pois gosto muito dela. Por curiosidade, resolvi olhar os comentários e constatei que estava rolando uma discussão motivada por alguém que escreveu que achou a referida canção "emo". Tudo bem, cada um tem o direito de expressar sua opinião, mas não pude deixar de concordar com algumas pessoas que se manifestaram contra o que foi escrito por esse internauta. Talvez o cara nem ache isso e só postou pra sacanear e criar polêmica, vai saber. Mas sem querer tocou num ponto importante de algo que, quase impercepivelmente, vem acontecendo: uma certa generalização.
Realmente: deve ser reflexo da emofobia, pois é cada vez mais comum ouvir esse tipo de comentário quando uma banda faz uma balada romântica ou algo que trate de sentimentos: é taxada de emo. Porém, muitos se esquecem que sensibilidade é algo inerente a qualquer músico que se preze - os músicos de verdade, que amam verdadeiramente a música, vale salientar.
Se assim for,toda a música é emo. Porque esta sempre será a expressão de um sentimento (positivo ou negativo), tenha ela letra ou não. Falar, por exemplo, de tristeza, melancolia, corações partidos, saudade, solidão, as dores, sabores e dissabores do amor não é e nunca foi prerrogativa só do emocore: esses temas são universais. E fazer pouco de músicas que tratam disso é meio que negar a si próprio: qual ser humano nunca sentiu, ao menos uma vez na vida, algum desses sentimentos?
Achar uma música bonita e se emocionar não faz de ninguém menos homem. Não existe fraqueza nisso.
Além do mais, sempre aparecerão artistas e bandas que farão músicas sobre esses tais sentimentos, hoje e sempre, independente do emo ou de qualquer movimento da vez. Estes temas não se esgotam, porque somos todos humanos, e não pedras.
Ainda bem.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
O pecado do sucesso ou: é pop, então não presta!
Tom Jobim sabiamente disse certa vez que fazer sucesso no Brasil era tido como um pecado e uma afronta. Tudo bem, a gente sabe que nem tudo que faz sucesso por estas terras tem lá sua qualidade. Mas existem os casos de muitos artistas e bandas bons mas que, por fazerem sucesso demais, por terem um público grande e tocarem em certas rádios,acabam sendo execrados por uma corrente que uma comunidade do orkut definiu como os "portadores da síndrome de underground".
Abaixo a descrição da dita-cuja (é um tanto agressiva, mas certas coisas ali correspondem à realidade):
"Comunidade destinada as pessoas que simplesmente não suportam essa Síndrome que afeta fãs medíocres de bandas quase-famosas ou quase-desconhecidas, se preferir, ou mesmo contra os adeptos da elitização cultural.
Essa síndrome caracteriza-se por deixar alguns "fãs" inquietos, ansiosos, indignados ou desesperados pela simples possibilidade de sua "bandinha favorita" sair do anonimato.
Sintomas característicos:
"PORRA MEU, PASSO O CLIPE DELES NA MTV, QUE MERDA"
"BLEH, TOCOU UMA MÚSICA DELES NA RÁDIO"
"BAH, ERA O QUE FALTAVA TODO MUNDO OUVINDO ELES POR AÍ"
Algumas pessoas não conseguem juntar numa mesma frase as palavras "pop" e "qualidade". Simplesmente acreditam que, se é pop, então não presta. Se agrada a muitos, "então tô fora". Cara, me desculpem os que pensam dessa maneira, mas isso é uma mentalidade muito tacanha.
Convém esclarecer: estou me referindo aqui como "pop" o que é popular, o que agrada a muitos, o que "cai na boca do povo". Nesses termos até as bandas mais pesadas podem ser incluídas - basta ter uma legião de fãs e ter vendido milhões de discos. Não vou citar quais são. Vocês vão ter que adivinhar...
É necessário esclarecer isso logo de cara porque existem duas acepções para essa palavra: o pop como tudo aquilo que faz ou acaba fazendo sucesso e o estilo chamado de pop (feito pra fazer sucesso).
É fato que muito lixo vendeu e vende muito. Mas existem algumas coisas boas por aí. Por exemplo: o Skank é uma banda com um monte de sucessos e é uma boa banda. Nando Reis tem dezenas de hits na voz de outros artistas e na sua, e suas canções passam muito longe de serem ruins ou medíocres. Mas o fato destes, e outros, terem canções "na boca do povo" faz com que "a galera da síndrome" os menospreze.
Acredito que, se o artista tem talento, ele merece ser reconhecido. Mas não é bem isso que acontece...
De uns anos pra cá (da dácada de 1990, especificamente), a maior parte das "canções" que frequentaram as paradas eram tolas e totalmente descartáveis, o que provavelmente contribuiu para gerar (ou piorar) a síndrome. Há também o caso de quando alguém bom chega ao mainstream, seus fãs dos tempos do underground ficarem receosos de que a pressão da (decadente) indústria por lucros o faça perder sua qualidade (o bom e velho "se vender"). É uma preocupação até que justa, mas o problema é que às vezes se torna um tanto exagerada e pode ser levada a um ponto extremo: "assinou com gravadora, não escuto mais". "Tocou no rádio, não gosto mais". Lotou o show, não gosto mais". "As músicas da banda x agora tem refrão, que bosta. Não gosto mais" e por aí vai.
Temos que lembrar que se o camarada está trabalhando com música, ele quer viver dela. E, para isso, as pessoas têm que conhecer o seu trabalho. Ou uma padaria, um mercado ou uma loja que ninguém conhece conseguem vender algo?
Alguns artistas mantém suas características, outros mudam, tornando seu som "mais acessível" pra se adequar. Frisando que o "tornar-se acessível" nem sempre significa perder qualidade. O cara pode estar apenas transformando um som rebuscado demais em algo mais palatável e assobiável. Fora que o mercado está mudando e, para as bandas, é crucial terem muitos shows com bom público pagante, porque CD quase não vende e está virando peça de museu. Ou seja: o público tem que crescer.
O que me motivou a escrever isso foi um comentário que ouvi essa semana, parecido com uma das frases da comunidade que citei. A banda a qual a pessoa (conhecida de uma conhecida, e bem metida a intelectual) se referia era o Móveis Coloniais de Acaju, e essa pessoa disse que o disco novo é bom, mas a banda está ficando uma merda, PORQUE ESTÁ SE TORNANDO CONHECIDA.
Sinceramente: banda boa tem mais é que fazer sucesso. Não podemos reclamar do lixo musical que nos assola e ao mesmo tempo cuspir em algo bacana que está conseguindo seu espaço. É contraditório.
Se o cara tem talento e boas músicas, deixem-no tentar fazer sucesso. Ele só está querendo viver de sua arte. Deveríamos execrar o que é comprovadamente ruim, e está cheio disso por aí...
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domingo, 4 de outubro de 2009
DOSSIÊ EMO - PARTE 3: A EMOFOBIA
Vimos no post anterior que a chegada das bandas emo ao grande mercado trouxe uma grande quantidade de novos, digamos, seguidores para o movimento. Mas toda essa exposição e crescimento trouxe também um revés: a emofobia.
Mas quando isso se iniciou? Pelo menos no Brasil, muitos creditam o início da "aversão aos emos" a uma série de reportagens em diferentes veículos de mídia: a impressa e a televisiva, mais propriamente. Estes apontam três momentos-chave: o primeiro seria uma reportagem na revista Época de fevereiro de 2006 (cheguei a ler essa reportagem da Época na época - desculpem, a redundância se impunha). Ali, o emo estava descrito como aquele que curte som pesado,possui uma "sexualidade flexível" e sofre por amor, ou seja, os emos "Não escondem os sentimentos, expressam abertamente suas emoções, preconizam e praticam a tolerância sexual", nas palavras da reportagem. Depois foram transmitidas matérias sobre o assunto no Fantástico e no Domingo Legal, na linha "como identificar um emo". A partir daí, não tinha mais volta. A emofobia instala-se no Brasil com a mesma rapidez com que - e à medida que -as bandas e o movimento emo se tornam cada vez mais populares entre os adolescentes.
Na reportagem da época não vi nada demais,mas certamente as do Fantástico e Domingo Legal devem ter sido no estilo "sensacionalista", mas não posso afirmar, porque não as vi - ou não lembro se vi, vai saber.
Essa reportagem de Época até que é bem interessante. Consegui encontrar a revista por aqui e dei uma relida na dita cuja, que traz pontos de vista de emos, dos pais e de profissionais em educação e psicologia da juventude. Abaixo, alguns relatos colhidos na matéria:
"Os emos têm um estilo de vida compatível com minha sexualidade. São menos preconceituosos.Gosto de meninas, mas isso não me impede de achar o estilo de outro cara legal. Nossa sociedade é discriminadora."
"'Na rua, tem gente que me chama de sapatão.
"Já disseram que eu era gay e me chamaram de emocinha".
"Estranhei quando ele começou a pintar os olhos e as unhas', diz uma mãe de um adolescente emo que afirma ser bissexual. 'Fiquei deprimida quando ele me contou. Mas, mesmo sem aceitar, respeito a opção dele."
"'A atitude dos emos irrita outros jovens porque eles não temem os sentimentos, enquanto a maioria dos adolescentes busca afeto optando pela agressividade.Os punks ou funkeiros se impõem pela agressividade. Os emos querem se fazer aceitos pelo amor. É uma forma radical de reação contra o desencanto que vive a juventude."
Essa última fala é de uma doutora em Educação, e a deixei por último porque toca num ponto importante. É quase consenso entre vários especialistas (psicólogos, sociólogos, educadores) que estudam o assunto que o Emo incomoda porque toca num ponto delicado da cultura ocidental: os sentimentos. Em seus argumentos, eles dizem que nossa sociedade impõe, principalmente aos homens, que não se demonstre demasiadamente os sentimentos, pois seria uma sinal de fraqueza. Realmente, devo concordar: quase todos temos esse problema, pois realmente crescemos condicionados a isso. Eu mesmo me lembro de quantas vezes segurei um choro, mesmo sabendo que chorar não me faria menos homem. Ou seja: condicionamento ao meio, mesmo que de forma inconsciente. O emo, de certa forma, subverte essa lógica, ao pregar a exposição total dos sentimentos.
Mas sempre há um mas, porém, entretanto, contudo e um todavia. Vejamos o outro lado da moeda:
Alguns profissionais da área da psicologia e psiquiatria aceitam o argumento acima, mas com algumas ressalvas quanto a um traço forte do movimento: “Há uma apologia à tristeza no discurso emo, a melancolia é quase um estilo de vida para eles. Tudo bem, quando se trata apenas de uma atitude de contestação. Mas, a questão preocupa quando isso esconde alterações de ordem psíquica”, esclarece a médica Mônica Mulatinho, da Cia do Adolescente & Família, em Brasília.
Recentemente a Rússia, baseada em argumentos que acusam a cultura emo de induzir à depressão e ao suicídio, gerou polêmica ao decidir tomar uma atitude extrema: divulgou-se que iriam tomar medidas para proibir sites dedicados ao gênero e até o modo de se vestir em locais públicos.
Aparentemente, a questão do suicídio de jovens que se identificam com a cultura emo é mais forte lá fora do que aqui. Os emos brasileiros, APARENTEMENTE,têm uma ligação bem mais visual que ideológica ao movimento, mas me faltam fontes pra apurar melhor isso.
E assim terminamos o dossiê emo. Tentamos fazê-lo da maneira mais imparcial possível, sem preconceitos. Muitos perceberão que alguns assuntos não foram abordados de forma aprofundada, mas é proposital. Primeiro pelo espaço, senão viraria uma dissertação. Segundo porque alguns temas mexem com coisas bastante complicadas, como a questão da sexualidade, que é algo particular a cada pessoa e, como eu busco respeitar as opções de cada um, preferi não me aprofundar muito nos pontos a esse respeito.
Obrigado a todos que leram e até a próxima!
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
DOSSIÊ EMO PARTE 2: O MOVIMENTO
Todos já ouvimos falar, em algum momento, das tribos urbanas, como são designados os grupos de jovens que reúnem-se em torno de características comuns e afinidades, sejam elas visuais, ideológicas ou apenas o mesmo gosto musical. Nos últimos anos, o aparecimento do movimento emo tem colocado a questão das "tribos" mais uma vez em pauta. Porém: há tempos um grupo ou movimento não causava tanta polêmica quanto o emo.
As sociedades humanas estão sempre em constante transformação. Volta e meia surgem movimentos que, direta ou indiretamente, conscientemente ou não, questionam certas estruturas e padrões vigentes e o surgimento da tribo emo no cenário mundial pode ser considerado uma dessas mudanças. Vimos como esse movimento se originou, primeiramente dentro do punk, para depois afirmar-se como um gênero musical distinto. Porém, a, digamos, ideologia do emo ultrapassou a música e tornou-se um estilo de vida.
Os emos, como uma "tribo", possuem características visuais peculiares: seu vestuário e comportamento,além da própria afinidade musical. O emo tem como ideal a expressão dos sentimentos sem pudores, sejam eles angústia e tristeza ou demonstrações de carinho para com os amigos.
O movimento emo tem seu apelo maior entre os adolescentes, pois, na opinião de vários estudiosos desse período da vida humana, a adolescência é decisiva no ponto de vista físico e emocional do ser humano. É uma fase de transformação, onde normalmente há muitos questionamentos, dúvidas e anseios, assuntos abordados nas músicas das bandas que compõem o movimento (apesar de não ser exclusividade deles, pois são assuntos abordados em vários gêneros musicais...). Daí a empatia que essas bandas têm para com os adolescentes, pois estes se sentem como se banda e público falassem a "mesma língua", como se houvesse uma compreensão mútua do que está se passando com suas vidas. Além do mais, nessa fase é comum a busca pela aceitação e a procura por pessoas com que se tenha algum tipo de afinidade, daí a formação das "tribos".
Como nos últimos anos o movimento emo cresceu bastante, logicamente atraiu a atenção da mídia. Ao mesmo tempo em que as bandas entravam no mainstream, o grande mercado, e conquistavam mais fãs, a tribo crescia e adquiriu novos adeptos, mas também trouxe em seu encalço aqueles que os repudiam... Na próxima parte, vamos tratar do tema mais delicado até agora em se tratando do assunto: a emofobia.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
DOSSIÊ EMO - PARTE 1
AS ORIGENS
Hoje todos sabemos o que é o emo. Há tempos não existia um movimento que fosse tão polêmico e que atraísse opiniões tão apaixonadas, sejam elas contra ou a favor. Quase não há uma opinião meio-termo em se tratando do assunto (pelo que já vi), e, quando existe, dificilmente o autor tem coragem de expressá-la (mais uma vez baseado no que vejo).
Mas vocês estão lendo isso porque tem curiosidade de saber onde e quando começou tudo, não? Ok, então senta, que lá vem história.
As origens do emo podem ser traçadas na cena punk/hardcore de Washington. No início dos anos 1980, esta cena se tornou muito violenta e competitiva, com bandas que buscavam o sucesso acima de tudo. Em 1985, algumas delas se cansaram da violência que imperava na cena local e decidiram mudar o foco das músicas: a partir daquele momento, decidiram compor canções com temáticas mais confessionais, sentimentais, emocionais, passionais. Foi o chamado "Revolution Summer", assim chamado porque trouxe essa mudança na abordagem e até mesmo na atitude daqueles grupos. Isso foi considerado uma renovação do punk rock, ao dar origem a bandas que tinham uma interpretação mais, digamos, pessoal. Entre estas estavam Rites of Spring e Embrace, as primeiras a receber o rótulo de emocore, o hardcore emocional. Nascia aí um novo estilo.
Essas bandas faziam parte de um selo conhecido como Dischord, e a influência delas foi reverberando e gerando mais bandas do estilo, até que algumas chegam ao mainstream norte-americano. Com o tempo, o padrão visual do emo apareceu: do Blink 182 (que no início da carreira nada tinha a ver com o emo, sendo incluída na categoria bem depois) e do Fall out Boy diz-se que vieram as franjas, do My Chemical Romance diz-se que veio a maquiagem e isso, nas palavras de uma reportagem de 2006 publicada na finada Bizz "descambou nas sorumbáticas criaturas que habitam os fotologs hoje em dia". Padrões visuais são algo caraterístico dos vários movimentos que ocorreram na história do rock, e o do emo foi logo prontamente adotado por aqueles que abraçaram-no, já que este estava em processo de rápida ascensão no mercado mainstream, consolidando-se rapidamente.
É inegável que, no já citado mainstream, tanto internacional quanto o nacional, a grande maioria das bandas de sucesso são consideradas emo. E é inegável também - até surpreendente- o enorme apelo que esses grupos têm com os adolescentes. O que é interessante e mais surpreendente ainda é que muitas negam a alcunha, apesar de a maioria adotar um visual e sonoridade muito vinculadas aos padrões do estilo. Toma-se o exemplo do Panic!at the Disco. Considerada uma das maiores representantes do emo, declararam certa vez no New Musical Express que "é um insulto! o estereótipo são caras fracos com problemas de relacionamento escrevendo sobre o quão tristes são." e que " ultrapassamos o emo faz tempo. O rótulo não cabe mais em nós". Lucas Silveira, do Fresno, declarou para a Bizz em 2006 que " o termo emocore servia para descrever nosso som, já que era hardcore e tratava de sentimentos, mas hoje em dia só quem tem 14 anos e nenhuma noção sai por aí dizendo que sua banda é emo". Já Pete Wentz, do Fall Out Boy, declarou que "nem ligo pra essa polêmica sobre o que é ou não é emo. Acho que tem gente demais perdendo tempo tentando provar que NÃO é emo". Esse aí pareceu mais sincero, na minha opinião.
Ok, entendemos como originou-se esse polêmico movimento. Nas próxima partes abordaremos as características do movimento e o início da emofobia, enfrentando nossos próprios pré-conceitos e julgamentos, numa análise pseudo-sociológica de botequim. Até!
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Emo Day - isso mesmo!
E eis que me lembro que, certa vez, ouvi falar que uns blogs, só de zoação, resolveram criar um "Emo Day". E esse dia seria 24 de setembro, ou seja, foi semana passada. E, assim como o post anterior, novamente demonstro meu timing perfeito ao abordar o assunto com uma semana de atraso. Apesar de que, em relação ao post do Natiruts, em que o evento aconteceu cerca de um mês atrás, uma semana é um avanço e tanto...
Ok, sem mais delongas, faremos aqui, em homenagem a essa data, um "especial emo". Uma série de posts onde vamos falar sobre esse polêmico movimento: as origens, as bandas,o comportamento, a ideologia e uma tentativa de entender o porquê deste movimento causar tanta hojeriza e antipatia.
Vou tentar ser imparcial (espero). Até porque sou mais um a aumentar as estatísticas dos que não gostam das bandas emo. Mas topo o desafio, pela questão antropológica da coisa. Coisas de quem fez faculdade de algum curso na área das Ciências humanas - tentar compreender algum aspecto polêmico da sociedade.
Como, em tese, meu diploma me faz um "intelectual"(mas me considero pseudo, daí as aspas)e não tenho nada melhor pra postar aqui, vou fazer essa pesquisa.
Se vocês quiserem saber mais sobre o Emo day, visitem esse endereço:
http://www.nadaver.com/?s=emoday
O melhor de tudo é o símbolo do Emo day. Hilário!
Acima: Fall Out Boy, a banda mais emo com a foto mais emo que pude achar deles.
Ou seja:preparem-se.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
A desistência do Natiruts em concorrer ao VMB 2009
Tudo bem, o fato anunciado já ocorreu há quase um mês, mas como não ando acompanhando muito a MTV, passou batido e só hoje fiquei sabendo. Resolvi apurar, e, indo ao site da emissora, constatei que era verdade. A banda pediu para ser retirada da lista de indicadas ao prêmio na categoria Reggae do VMB, premiação anual da MTV Brasil. Primeiro fiquei pensando: por quê? Qual a razão de uma banda se retirar por vontade própria de uma premiação?
Logo abaixo, havia o link para a carta enviada à MTV explicando os motivos da não-participação. Nesta missiva, a banda dizia:
"Estamos nos retirando porque sabemos da grande visibilidade que esse prêmio trará aos indicados e resolvemos deixar nossa vaga para que a MTV tenha a liberdade de escolher uma outra banda que esteja nessa difícil trajetória de crescimento e de consolidação da carreira no cenário da música brasileira. Agradecemos a todos que votam na categoria Reggae. Agradecemos às pessoas que nos acompanham sempre. São vocês que fazem do Natiruts uma banda de respeito e sucesso, aqui no Brasil e em alguns lugares do mundo.Sorte aos indicados."
Realmente, achei muito bacana a atitude deles. Tão bacana que resolvi no ato escrever sobre isso aqui. É uma atitude muito rara no meio musical, quiçá em qualquer campo de trabalho. A banda sabe que tem o jogo ganho, tem um público formado, consolidado e fiel, e holofotes para si. Ou seja: um prêmio como esse não daria mais ou menos visibilidade para eles. No máximo serviria como massagem de ego, algo como "é... sou o melhor artista de reggae pela MTV." Que bom que não caíram na tentação e resolveram projetar os holofotes(eles de novo!) da emissora para outros artistas não tão conhecidos.
Deveriam existir mais ações como essa. Não é demérito algum uma banda que já está consolidada ceder um pouco de seu espaço para as que estão começando, porque o começo é sempre difícil. As bandas grandes já passaram por isso. São as regras do jogo. Só quem tem nervos de aço e muita força de vontade persiste em superar os obstáculos e conseguir um lugar ao sol com sua música. Se quem já chegou lá puder dar uma força, já é algo que vai dar uma ajuda enorme, sem sombra de dúvida.
Parabéns ao Natiruts pela iniciativa e espero que muitos se inspirem nesse exemplo, para que muitas bandas bacanas não parem no meio do caminho pela falta de visibilidade com que muitas têm que se deparar no início de suas carreiras. Até porque, nesse caso, ambos saem ganhando. A banda "pequena" vai ganhar mais espaço, e a banda "maior" vai ganhar comentários elogiosos como esse aqui - o que, convenhamos, é muito bom para sua imagem.
A íntegra da carta do Natiruts pode ser lida neste link:
http://mtv.uol.com.br/noticias/natiruts-pede-para-deixar-o-vmb-2009-leia-explica%C3%A7%C3%A3o
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sábado, 29 de agosto de 2009
Discos de cabeceira
LEGIÃO URBANA- V (1991)
Esse deveria entrar, sem dúvida alguma, na categoria Discos que mudaram minha vida. Piegas? Exagero? I don´t think so. Esse disco realmente mudou algo. Antes dele, eu estava completando a transição do moleque fã de Asa de águia para o moleque fã de Rock n´Roll.
E o que eu ouvia eram coisas pesadas - no som ou na temática escrachada - Os Mamonas, Raimundos, bandas de hardcore e punk.
E aí veio esse disco.
Totalmente oposto a tudo o que eu ouvia. Sonoridade calma, serena, melancólica- e algumas músicas com temáticas não menos pesadas, porém mais sérias,como solidão e drogas, por exemplo.
Esse disco foi realmente concebido pela banda para ser lento e melancólico, para causar estranheza àqueles que os acompanhavam desde o primeiro disco e que já haviam inclusive absorvido a sonoridade já serena do antecessor As Quatro Estações,de 1989. Há, no encarte, duas frases que explicam o conceito ali explorado: a primeira,creditada a Brian Jones, falecido ex-guitarrista dos Rolling Stones: "Such psychic weaklings has western civilization made of so many of us - Tão fracos da psiquê(ou da alma) a civilização ocidental fez de tantos de nós". A outra era "bem vindos aos anos 70!". Aí se explicam os conceitos sonoros(flertes com progressivo, estilo típico dos 70) e temáticos das canções(melancolia, desolação).
Os rompantes de progressividade estão presentes na primeira faixa, "Metal contra as nuvens", precedida por uma cantiga de amor portuguesa do século XIII, que dava pistas para a temática meio medieval de "Metal". Com 11 minutos, essa música merece um tratado, pois vários são os temas abordados nela. Solidão(temática que permeia o disco todo) e desilusão com o país, então em plena Governo Collor, posto metaforicamente nas entrelinhas - "quase acreditei na sua promessa, e o que vejo é fome e destruição, perdi a minha cela e a minha espada, perdi o meu castelo e minha princesa".Tudo como se fosse a saga de um cavaleiro medieval, mas na verdade era real situação daquele momento que estava sendo cantada. No fim, algumas mensagens positivas:"não me entrego sem lutar, tenho ainda coração, não aprendi a me render- que caia o inimigo então. Tudo passa, tudo passará" ou "vamos viver, temos muito ainda por fazer. Não olhe pra trás - apenas começamos." Afinal, nem tudo é pessimismo e sempre há uma luz.
Depois, a viajante "Ordem dos Templários", instrumental, e em seguida, "A Montanha Mágica", a tal que fala de drogas. O que dizer de versos como "minha papoula da índia, minha flor da Tailândia, és o que tenho de suave - e me fazes tão mal". A tentativa de desintoxicação:"deixa o copo encher até a borda, eu quero um dia de sol num copo d´agua", referência ao alcoolismo do cantor.
Há mais refrências à Era Collor em "Teatro dos Vampiros" - "os meus amigos todos estão procurando emprego", que hoje em dia poderia virar 'os meus amigos todos estão prestando concursos públicos". Temática atualíssima, basta só fazer as devidas alterações...
Uma música mais "animada", "Sereníssima", seguida de "Vento no Litoral", que Arthur Dapieve, biógrafo de Renato Russo, descreve como "nunca uma caminhada à beira-mar havia sido tão cinza, tão dolorosa". Ao ouvir a letra, dá pra imaginar o cenário: fim de tarde, numa praia qualquer, alguém caminhando só, aquele vento gelado de chuva por vir, o céu cinzento...Dor-de-cotovelo total. Quem nunca se sentiu daquele jeito atire a primeira pedra...
Pra contrabalançar, uma música mais levinha, "O mundo anda tão complicado", que fala de um casal que está começando uma vida a dois. Como não há uso de artigos ou quaisquer palavras que caracterizem os sujeitos, pode ser qualquer casal, até mesmo Eduardo e Mônica, de outra canção da banda. Por último, L`age Dor, com guitarras raivosas e ótimos riffs- pra quem acha que o Dado Villa Lobos não tocava nada, ouça com atenção o trabalho de guitarras dessa faixa... Mais uma vez, referências a drogas e o esforço para livrar-se delas.
Várias sãos as referências à vida pessoal do cantor. Porém, apesar disso, dá pra se identificar bastante em algum momento com alguma dessas canções, pela forma com que as letras são construídas - um trunfo do autor, que, com isso, conseguiu e ainda consegue, mesmo após sua morte, angariar vários fãs,como aquele moleque de 14 pra 15 anos(eu), fã dos Mamonas e dos Raimundos e que só queria saber de ouvir som rápido e pesado.
Por que esse disco me mudou? pelo fato de começar a apreciar letras mais elaboradas, com certo lirismo, e sonoridades menos raivosas, mais serenas. Não sei se esse disco me transformou num ser humano melhor, mas com certeza me transformou num ouvinte melhor de música.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
NOTÍCIA: O CD vai diminuir de preço (sei...)
Diante da alardeada iminente "morte" do CD como suporte de músicas, é aprovada uma emenda constitucional que reduz taxas e encargos que incidem na fabricação do mesmo. Incrível a agilidade das pessoas que tomam as decisões nesse país. Tal decisão foi tomada com... uns dez anos de atraso? Depois que a pirataria e a troca de arquivos já se consolidaram? Depois que vários artistas estão buscando novas alternativas a um modelo que está realmente fadado a ser página virada na história?
Tapar sol com peneira, como sempre. Só para eles se vangloriarem de que estão preocupados com questões referentes à cultura e ao ganha-pão de quem vive dela. Sei.
Fora que, provavelmente esse desconto seja na base de uns 10 a 5%. Ou seja, a diferença não vai ser significativa.
Tenho acompanhado as repercussões de tal medida, e reproduzo aqui um comentário que muito me chamou a atenção, feito pelo Bruno Medina, tecladista do Los Hermanos, sobre a questão : "Mais difícil do que conquistar a preterida equiparidade será me convencer de como um disco que hoje é vendido por R$ 33.00, e, depois da lei, por R$ 30.00, resultará num reaquecimento do mercado e, por consequência, em duro golpe na pirataria. Sinceramente não consigo enxergar como os novos parâmetros acirrariam a competição com arquivos baixados de graça na internet ou CDs adquiridos por R$ 5,00 nas banquinhas do camelô".
Pois é. Que diferença de preço! De R$ 33 para R$30! Todos vão deixar os downloads de lado e comprar um monte de CD! A pirataria está com os dias contados!Com um desconto assim, torna-se irresistível comprar um CD!Não sei o que estou fazendo aqui, em frente a esse computador, quando deveria estar comprando CD´s!
Porém, ironias à parte, pelo menos para mim, nada substitui escutar música com um encarte em mãos, com as informações sobre quem gravou o quê, sobre quem produziu, com as letras, fotos e o escambau. É aquele tal lado romântico do jurássico vinil, que já está se extendendo também ao agora cretáceo CD. Mas os tempos são outros. Tal modelo de comercialização da música já agoniza, já não é mais compatível com os tempos atuais.
O impressionante é ver que muitos ainda não se deram conta disso.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
DISCOS DE SEGUNDA (FEIRA)
DRÊS- NANDO REIS E OS INFERNAIS (2009)
Para inaugurar essa sessão do blog, que tratará de lançamentos, escolhi o mais novo disco de Nando Reis, Drês, que não é exatamente um lançamento, pois já está sendo trabalhado há, no mínimo, uns dois meses.
Pra justificar a falta de "timing", cito como uma das razões para essa escolha a recente passagem do cantor pelas terras potiguares, show que não presenciei por conta de um dilúvio que caía na cidade naquele dia(maldita chuva!)...tudo bem,fica para a próxima.
Em seu mais novo disco junto aos Infernais, Nando Reis investe numa sonoridade bem mais rock, aproximando-se do som que a banda faz nos palcos. Podemos observar isso na maioria das faixas, especialmente "Mosaico abstrato" - de longe minha preferida -que tem um ótimo riff de guitarra (o guitarrista, Carlos Pontual, deve ter se aproveitado da condição de produtor do disco pra puxar sardinha pro lado dele...).
Um aspecto interessante, no que tange ao quesito "banda": há,inegavelmente, uma maior coesão sonora, uma sonoridade mais... banda. A meu ver,Drês não é mais um disco solo de Nando Reis. Drês pode ser considerado um disco também dos Infernais.
Porém, apesar da evidente pegada rocker que permeia o disco, ainda há aquilo que se tornou a identidade, a marca registrada da sonoridade adotada pelo músico em sua carreira pós-Titãs: o violão. podemos vislumbrar isso especialmente no dueto com Ana Cañas em "Pra Você Guardei o Amor", balada bem minimalista, contando apenas com as vozes de Nando e Ana, o violão e uma percussão. Ou seja: apesar da veia roqueira, da maior ênfase nas guitarras, o violão ainda é o instrumento que melhor define o som de Nando Reis e os Infernais. E isso é algo não só importante, mas cada vez mais difícil de se conseguir: preservar seu som enquanto se investe em outras abordagens, mesmo que nem tão experimentais e/ou inovadoras.
Vendo a obra por outro aspecto,pode-se dizer também, sem margem de erro, que Drês é um dos trabalhos mais confessionais da Carreira de Nando Reis. E não precisa ser um fã tiete, daqueles que sabem até o que o cara comeu no café da manhã de 11 de julho de 2007, pra perceber isso. As letras deixam isso de forma bastante evidente,sem rodeios, sem muitas metáforas, simples e diretas em sua maioria. Temos, como exemplo, as bonitas homenagens à mãe (em "Conta") e "Só pra So",onde dessa vez a homenageada é a VJ da MTV Sophia, filha do cantor. Fora que o país inteiro nessa altura do campeonato sabe que grande parte das canções foram inspiradas na ex-namorada do cantor, chamada Adriana(a Dri da música "Hi, Dri", que abre o disco). Há um clima de saudosismo óbvio em muitas dessas faixas, mas não é um disco sombrio,depressivo. Drês é isso: um trabalho praticamente autobiográfico. Se você gosta da carreira solo dele, vale a pena dar uma ouvida.
Leva o selo de qualidade Roque de mesa, reconhecido mundialmente pela equipe que faz o blog.
Até a próxima.
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segunda-feira, 27 de julho de 2009
O novo rock
Olhando meu acervo musical esses dias, me dei conta de que nada mudou de uns dois anos pra cá na minha tendência em ouvir música.
Realmente, já há agum tempo, me vejo mais e mais pesquisando bandas e artistas "dinossauros", aquelas coisas "das antigas", os "clássicos", principalmente das décadas de 1960 e 1980 do que bandas mais novas. E, Sinceramente, pouco,quase nada no novo rock chega a me surpreender ou gerar interesse e empolgação. E aí fico pensando: Por quê?
Existem bandas interessantes no cenário atual, sem dúvida alguma. Eu é que posso estar ficando velho, chato, rabugento e ranzinza, mas não consigo me livrar da sensação de que atualmente parece haver um certo vazio no rock.
Muitas bandas atuais parecem carecer de uma certa falta de identidade, e várias aparecem ao mesmo tempo (sintoma da Globalização e de novas tecnologias como a internet), mas parece que pouquíssimas delas tem algo substancial para acrescentar. E muitas desaparecem logo em seguida, sem realmente mostrar a que vieram, sem ter a chance de amadurecer seus trabalhos, de desenvolver uma linguagem própria. E isso é uma pena.
É o tal do Hype, uma expressão típica dos nossos caóticos anos 2000,onde as informações nos bombardeiam a cada instante, surgem e se vão como ondas num mar ressacado. Num belo dia, uma banda aparece como a salvação da lavoura, a mais fodona ou algo que o valha, para depois ser notícia de ontem quando aparecer outra banda para ocupar seu lugar de "queridinha da imprensa musical e de MTV´s da vida." Parece que nada é durável, que tudo está mais e mais descartável.
Além do mais, muitos artistas "das antigas" que citei ali em cima continuam na ativa, mas a maioria não consegue mais produzir trabalhos tão brilhantes quanto os de outrora.
E nesse contexto, ano passado, me apareceu o Little Joy. Gostei no ato e passei a ouvir compulsivamente por um tempo. Porém(sempre há um), além de ser, aparentemente, um projeto paralelo, é formado por 2 músicos já bastante experientes no cenário musical, não saíram do nada. A minha "tese" aqui é a respeito de artistas novos de verdade, desconhecidos do grande público.
O que eu gostaria muito é que apareçam novos nomes que surpreendam, que façam discos daqueles arrebatadores, que façam a pessoa querer escutar umas vinte vezes ao dia, que se tornem clássicos, ou que os que já estão por aí batalhando não acabem antes de firmarem uma personalidade, para que tenha a chance de, no futuro, serem "dinossauros", referências para os futuros apreciadores do rock n´roll. Aí eu paro de reclamar.
Realmente, já há agum tempo, me vejo mais e mais pesquisando bandas e artistas "dinossauros", aquelas coisas "das antigas", os "clássicos", principalmente das décadas de 1960 e 1980 do que bandas mais novas. E, Sinceramente, pouco,quase nada no novo rock chega a me surpreender ou gerar interesse e empolgação. E aí fico pensando: Por quê?
Existem bandas interessantes no cenário atual, sem dúvida alguma. Eu é que posso estar ficando velho, chato, rabugento e ranzinza, mas não consigo me livrar da sensação de que atualmente parece haver um certo vazio no rock.
Muitas bandas atuais parecem carecer de uma certa falta de identidade, e várias aparecem ao mesmo tempo (sintoma da Globalização e de novas tecnologias como a internet), mas parece que pouquíssimas delas tem algo substancial para acrescentar. E muitas desaparecem logo em seguida, sem realmente mostrar a que vieram, sem ter a chance de amadurecer seus trabalhos, de desenvolver uma linguagem própria. E isso é uma pena.
É o tal do Hype, uma expressão típica dos nossos caóticos anos 2000,onde as informações nos bombardeiam a cada instante, surgem e se vão como ondas num mar ressacado. Num belo dia, uma banda aparece como a salvação da lavoura, a mais fodona ou algo que o valha, para depois ser notícia de ontem quando aparecer outra banda para ocupar seu lugar de "queridinha da imprensa musical e de MTV´s da vida." Parece que nada é durável, que tudo está mais e mais descartável.
Além do mais, muitos artistas "das antigas" que citei ali em cima continuam na ativa, mas a maioria não consegue mais produzir trabalhos tão brilhantes quanto os de outrora.
E nesse contexto, ano passado, me apareceu o Little Joy. Gostei no ato e passei a ouvir compulsivamente por um tempo. Porém(sempre há um), além de ser, aparentemente, um projeto paralelo, é formado por 2 músicos já bastante experientes no cenário musical, não saíram do nada. A minha "tese" aqui é a respeito de artistas novos de verdade, desconhecidos do grande público.
O que eu gostaria muito é que apareçam novos nomes que surpreendam, que façam discos daqueles arrebatadores, que façam a pessoa querer escutar umas vinte vezes ao dia, que se tornem clássicos, ou que os que já estão por aí batalhando não acabem antes de firmarem uma personalidade, para que tenha a chance de, no futuro, serem "dinossauros", referências para os futuros apreciadores do rock n´roll. Aí eu paro de reclamar.
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segunda-feira, 20 de julho de 2009
DISCOS DE PRATELEIRA do Roque de Mesa
Gostaria de ter pensado num nome mais criativo, até inédito, para o que estou propondo nessa recém-inaugurada sessão do blog, mas não consigo pensar num mais apropriado que este. Foi tudo o que meus neurônios puderam conceber, antes de se encaminharem para o assunto que virá adiante- não posso abusar dos coitados...
Sim, essa sessão que proponho aqui tratará de discos -campeões de vendagem ou não- que representem algo para os autores do blog, portanto, as opiniões aqui expressas são totalmente pessoais. Falar-se-á (mesóclises, amo-as. Sempre fazem o texto e o autor parecerem inteligentes) aqui de discos que nos marcaram, de alguma forma, e o porquê (na medida do possível) destes terem lugar privilegiado nas memórias musicais dos elementos que fazem esse blog.
Sem mais embromações, vamos ao primeiro, que é...
Sim, eles mesmos. Sou fã desses caras. Quem me conhece sabe disso, e se não sabe, saberá, bastando pra isso deixar um violão em minhas mãos.
Gosto de muitas bandas, mas apenas 4 posso considerar como "bandas do coração"( um termo meio emo, mas na falta de outro, vai esse mesmo): Legião Urbana, Los Hermanos, os Beatles e, claro, os Mamonas.
E por quê logo os Mamonas?
Simplesmente porque, se não fosse esses caras, talvez eu nem gostasse, ou, pior, nem conhecesse as outras bandas que mencionei. Os Mamonas Assassinas trouxeram para mim o universo do rock. Foi ouvindo esse disco que comecei a apreciar de verdade o som da distorção de uma guitarra. Na época, eu era um moleque que ouvia axé (era o maior fã de Asa de Águia da vizinhança) e minhas pretensões musicais resumiam-se a tocar percussão em uma banda do estilo, em cima de um trio elétrico em micaretas. E, se não tivesse existido essa banda, esse disco, me pergunto:estaria realmente fazendo isso?
Porém, deixando de lado as teorias e voltando ao tema...
É um disco alegre, irreverente, escrachado, pouco recomendável para pessoas da minha faixa etária à época, mas que mesmo assim conquistou de forma avassaladora as crianças de então. Ainda mais se lembrarmos que as músicas continham palavrões e versavam sobre "suruba" (que ninguém daquela idade nem sonhava do que se tratava) e até zoofilia (!)("comer tatu é bom, que pena que dá dor nas costas, porque o bicho é baixinho, e é por isso que prefiro as cabritas"...). Nada disso passava pela cabeça das crianças da época. Porém, a maneira como esses temas eram abordados era de forma até leve, se compararmos com outras músicas que rolam por aí hoje (funk carioca? hã?), e "suavizadas" pelo humor. Talvez esteja aí o apelo com as crianças, e o fato dos pais terem permitido a audição desses versos em volume estridente nos aparelhos de som. Sei lá. Só sei que eu achava massa.
E Tudo isso, claro, com ótimos arranjos instrumentais, onde se sobressai a enorme versatilidade dos caras ao transitarem por diversos estilos - Pagode, Baião, Brega,entre outros - e mesclá-los com a pegada do Rock.
Em suma: a audição desse disco mudou minha vida no que se refere à música. E muita gente por aí da minha faixa de idade que também curte Rock n`roll talvez tenha começado a ouvir esse estilo também por influência do quinteto de Guarulhos, e talvez não tenha se dado conta disso ou não queira admitir...
Obrigado, Mamonas Assassinas!
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domingo, 12 de julho de 2009
Pirataria x indústria cultural: uma reflexão
(post originalmente publicado no blog caos controlado, também de minha autoria. visite lá! http://www.caoscontrolado.blogspot.com/)
Já que falar de Michael Jackson já cansou, vamos tratar de um tema não menos relevante e muito menos inédito pra quem curte música: a pirataria.
Pois é... a polêmica em torno desse assunto está muito longe de acabar. Algumas das questões mais polêmicas em torno do tema: A pirataria é prejudicial à saúde da nação, já que o resultado econômico da atividade cultural representa, aproximadamente, 6% do PIB brasileiro? A Pirataria é uma prática nociva que dará fim a cultura artística e a propriedade intelectual onde quer que ela exista?A venda de produtos piratas pode ser considerada uma fonte de sobrevivência de (algumas)pessoas que não tem outra perspectiva além de vender Cds e DVD´s falsificados (os camelôs)? ou é apenas o reflexo de um aspecto cultural de nosso povo, o "querer levar vantagem em tudo?"Segundo o site socinpro.org, 'A cada dez Cds vendidos, cinco são piratas, e outros tantos são copiados pela internet. É a chamada Pirataria digital". Opa, peraí: quer dizer que se eu baixar pela internet um Cd que eu não acho em loja alguma eu estou cometendo um crime??????
Vejam bem,não estou querendo fazer apologia alguma da pirataria, só estou apontando questões para discussão ( e não são poucas...), com o máximo de imparcialidade possível.
A questão da pirataria no nosso país tem uma causa óbvia: o gritante descompasso entre a renda do brasileiro e o preço de um produto como um Cd, um Dvd ou um software original (Quem aqui nunca comprou um Dvd pirata que atire a primeira pedra!). Ok, então é só baixar o preço desses produtos que a pirataria acabará. Infelizmente eu descobri que a coisa não é tão simples assim...
Esses produtos vão ficando cada vez mais caros por causa da perda dos lucros das empresas, devido ao grande aumento da oferta de produtos piratas... Ou seja: nessa lógica, o produto vai encarecendo por causa da pirataria e as pessoas compram os produtos piratas porque os originais são caros, o que gera um ciclo vicioso gigantesco. Eu mesmo acho um absurdo alguns Dvd´s custarem R$ 60,00. Tem um cara ali que vende a R$ 5,00. Tentador não?Vejam só onde a situação vai parar...
Mas tem o outro lado da questão: os tempos são outros, o paradigma das coisas está mudando radicalmente e de uma maneira cada vez mais rápida e vertiginosa: O advento da internet, o acesso rápido a uma quantidade enorme de informação, a digitalização dos filmes e da música, que acabam por não necessitar mais de suportes físicos (o Dvd e o Cd), os sites e programas especializados em compartilhamento de arquivos. Há ainda a questão da música independente, mas isso é coisa para outro post...
Ou seja: está claro que a indústria cultural, nos moldes de hoje, está condenada ao desaparecimento caso não se adapte às características dos novos tempos, que até o momento vêm favorecendo os "piratêros". Porém, isso não é uma resposta definitiva para o problema, já que gera mais um monte de questões: caso haja essa adaptação, como ela será? A pirataria diminuirá ou terá seu fim decretado? E a propriedade intelectual, como ficará? que tipo de cultura a internet está forjando para o futuro? As locadoras de vídeo e as lojas de CD´S vão acabar?Eu deixarei de ser considerado um meliante ao baixar discos pela internet?
Pois é, ô mundo complicado, esse...
Vejam bem,não estou querendo fazer apologia alguma da pirataria, só estou apontando questões para discussão ( e não são poucas...), com o máximo de imparcialidade possível.
A questão da pirataria no nosso país tem uma causa óbvia: o gritante descompasso entre a renda do brasileiro e o preço de um produto como um Cd, um Dvd ou um software original (Quem aqui nunca comprou um Dvd pirata que atire a primeira pedra!). Ok, então é só baixar o preço desses produtos que a pirataria acabará. Infelizmente eu descobri que a coisa não é tão simples assim...
Esses produtos vão ficando cada vez mais caros por causa da perda dos lucros das empresas, devido ao grande aumento da oferta de produtos piratas... Ou seja: nessa lógica, o produto vai encarecendo por causa da pirataria e as pessoas compram os produtos piratas porque os originais são caros, o que gera um ciclo vicioso gigantesco. Eu mesmo acho um absurdo alguns Dvd´s custarem R$ 60,00. Tem um cara ali que vende a R$ 5,00. Tentador não?Vejam só onde a situação vai parar...
Mas tem o outro lado da questão: os tempos são outros, o paradigma das coisas está mudando radicalmente e de uma maneira cada vez mais rápida e vertiginosa: O advento da internet, o acesso rápido a uma quantidade enorme de informação, a digitalização dos filmes e da música, que acabam por não necessitar mais de suportes físicos (o Dvd e o Cd), os sites e programas especializados em compartilhamento de arquivos. Há ainda a questão da música independente, mas isso é coisa para outro post...
Ou seja: está claro que a indústria cultural, nos moldes de hoje, está condenada ao desaparecimento caso não se adapte às características dos novos tempos, que até o momento vêm favorecendo os "piratêros". Porém, isso não é uma resposta definitiva para o problema, já que gera mais um monte de questões: caso haja essa adaptação, como ela será? A pirataria diminuirá ou terá seu fim decretado? E a propriedade intelectual, como ficará? que tipo de cultura a internet está forjando para o futuro? As locadoras de vídeo e as lojas de CD´S vão acabar?Eu deixarei de ser considerado um meliante ao baixar discos pela internet?
Pois é, ô mundo complicado, esse...
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domingo, 5 de julho de 2009
Ainda existirão ídolos na proporção de Michael Jackson?
Alguns dias já se passaram desde o ocorrido. E não foi um acontecimento qualquer. Foi, sim, algo de grandes proporções: a maior estrela do pop faleceu. Com isso, veio a reboque tudo o que deveríamos esperar e que já vimos antes várias e várias vezes: a imprensa não falava de outra coisa; e aquela gripe lá que estava tirando o sono de muitos ? E aquele avião que caiu? E o Sarney?
Todo mundo falava de Michael Jackson. Todo mundo que tirava sarro estava falando bem, inexplicavelmente . Todo mundo virou fã de Michael Jackson. O seu vizinho ou vizinha, que só ouvia Banda Calypso e Aviões do Forró, agora ouve Thriller o dia todo. O cara que vende mídias piratas ali na esquina já tem as mais variadas coletâneas de Greatest hits do cantor. Ah, e Thriller está lá, obviamente. Aí você vai no centro comercial da cidade, e todos os lugares onde vendem mídias piratas tocam Thriller. Você vai num barzinho com música ambiente e tocam Thriller. O carro de som que anuncia as ofertas daquela mercearia do bairro com pretensões a supermercado toca Thriller. Você liga o rádio e está tocando Thriller. Você ouve falar do Roque de mesa, um blog bacana sobre música, e acessa o dito-cujo. Não está tocando Thriller. Você sente um momentâneo alívio e aí constata que tem um post bem ali falando de Michael Jackson. Bem, depois de tudo isso, nós podíamos ficar de fora? Que raios de blog de música seria esse, se não falasse de Michael Jackson?
Porém, caso o incauto eventual leitor ainda esteja por aqui, prometo que o enfoque desse post vai ser diferente. Sério.
Ok, você ainda está lendo? Obrigado. Vamos lá, então: Tudo que citei acima, mostra nas entrelinhas que há algo mais que sensacionalismo de imprensa e os modismos que de vez em sempre aparecem por essas terras. Mostra o tamanho da importância de Michael Jackson como ícone da cultura pop. E ficam também algumas questões no ar: haverá uma figura que chegue a estas proporções no meio musical? há ainda, no contexto do cenário atual, possibilidades de aparecimento de mega-ídolos do tipo?E porquê pergunto isso?
Bem, nós pouco nos damos conta, mas vivemos num período de transição no mundo da música, onde a indústria cultural, as grandes gravadoras , estão a cada dia sentindo os reflexos da troca de arquivos e dos downloads de música. Além disso, mais e mais grupos e cantores -independentes ou não- surgem divulgando seus trabalhos, numa onda frenética, numa avalanche de música como nunca se viu antes e de tal forma que é impossível estar antenado com tudo. Fora isso, ainda existem as celebridades-relâmpago, aquelas que depois de 15 minutos, desaparecem, tal qual profetizou Andy Warhol(alguém aí pensou no Big Brother e no ídolos?).Ou seja: estamos na era do tudo-ao mesmo tempo-agora. E volta a questão: ainda há espaço para ídolos nesse admirável mundo novo da música?
Na minha humilde opinião: sempre haverá ídolos no meio musical. Isso porque o ramo da música depende disso, já que, se uma banda lança um trabalho,alguém vai gostar. Logo, um público, ainda que pequeno, vai se formar. E aí se a hipotética banda conseguir se firmar, será apresentada a outro tipo de público: os fãs. E aí eles se tornam ídolos. Mesmo que seja de cinco pessoas, mas serão ídolos de alguém.É uma equação até que bastante simples, se vista dessa forma. Mas não é assim tão fácil...
Porém: o surgimento de ídolos na proporção de Michael Jackson, nesse contexto atual que citei, acredito que é muito difícil. E porquê?
O aparecimento de um mega-ídolo requer todo um trabalho, não só musical, mas também financeiro e de marketing. O cara pode ter muito talento, mas pra chegar ao menos perto de onde Michael chegou, tem que ter uma enorme estrutura por trás (sem maldade aqui, hein?), e que envolve milhões. E tal estrutura requer uma indústria musical com $aúde financeira para bancar tudo, além de gente disposta a comprar qualquer coisa que tenha estampada a imagem do astro. As pessoas têm que não só gostar dele, mas amá-lo. E aí entra o marketing. E aí vão mais milhões...
Além do mais, para além de toda a questão mercadológica, Michael Jackson tinha, inegavelmente, um talento fora do comum, reconhecido desde sua infância. Porém, mesmo sendo um excelente artista, milhões foram gastos para se promover sua imagem. Um ídolo não chega a tal da noite para o dia, e nem totalmente do nada. Precisamos enxergar além do mito.
É isso, senhoras e senhores. Não vou me alongar mais. Concluo minha tese acreditando que no contexto atual, não há condições de surgir alguém do nada e se transformar num superastro. A indústria ainda movimenta milhões, mas também está tendo prejuízos a cada ano, vendo o seu negócio passar por um período de mudanças que ninguém sabe aonde vai dar. Assim, fica difícil manter aquela estrutura que mencionei, sem falar na enorme enxurrada de novos nomes que presenciamos por esses dias, os quais nem sabemos se durarão, independente de seu talento ou até da falta dele.
Agora deixe-me ir, pois bateu uma vontade danada de ouvir Thriller.
E se você também quiser ouvir Thriller, acesse o link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=AtyJbIOZjS8&feature=fvstAté a próxima.
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quinta-feira, 18 de junho de 2009
Danilo Caymmi canta no "Zoombido"
O convidado desta quinta-feira (18) do programa Zoombido, comandado por Paulinho Moska e exibido a partir das 21h30 no Canal Brasil (disponível apenas em TV por assinatura) , é o cantor e compositor Danilo Caymmi. O filho de Dorival Caymmi vai emprestar sua voz grave e interpretações malemolentes à canções como Andança e Brasil Nativo.
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