terça-feira, 29 de setembro de 2009

DOSSIÊ EMO - PARTE 1



AS ORIGENS

Hoje todos sabemos o que é o emo. Há tempos não existia um movimento que fosse tão polêmico e que atraísse opiniões tão apaixonadas, sejam elas contra ou a favor. Quase não há uma opinião meio-termo em se tratando do assunto (pelo que já vi), e, quando existe, dificilmente o autor tem coragem de expressá-la (mais uma vez baseado no que vejo).
Mas vocês estão lendo isso porque tem curiosidade de saber onde e quando começou tudo, não? Ok, então senta, que lá vem história.
As origens do emo podem ser traçadas na cena punk/hardcore de Washington. No início dos anos 1980, esta cena se tornou muito violenta e competitiva, com bandas que buscavam o sucesso acima de tudo. Em 1985, algumas delas se cansaram da violência que imperava na cena local e decidiram mudar o foco das músicas: a partir daquele momento, decidiram compor canções com temáticas mais confessionais, sentimentais, emocionais, passionais. Foi o chamado "Revolution Summer", assim chamado porque trouxe essa mudança na abordagem e até mesmo na atitude daqueles grupos. Isso foi considerado uma renovação do punk rock, ao dar origem a bandas que tinham uma interpretação mais, digamos, pessoal. Entre estas estavam Rites of Spring e Embrace, as primeiras a receber o rótulo de emocore, o hardcore emocional. Nascia aí um novo estilo.
Essas bandas faziam parte de um selo conhecido como Dischord, e a influência delas foi reverberando e gerando mais bandas do estilo, até que algumas chegam ao mainstream norte-americano. Com o tempo, o padrão visual do emo apareceu: do Blink 182 (que no início da carreira nada tinha a ver com o emo, sendo incluída na categoria bem depois) e do Fall out Boy diz-se que vieram as franjas, do My Chemical Romance diz-se que veio a maquiagem e isso, nas palavras de uma reportagem de 2006 publicada na finada Bizz "descambou nas sorumbáticas criaturas que habitam os fotologs hoje em dia". Padrões visuais são algo caraterístico dos vários movimentos que ocorreram na história do rock, e o do emo foi logo prontamente adotado por aqueles que abraçaram-no, já que este estava em processo de rápida ascensão no mercado mainstream, consolidando-se rapidamente.
É inegável que, no já citado mainstream, tanto internacional quanto o nacional, a grande maioria das bandas de sucesso são consideradas emo. E é inegável também - até surpreendente- o enorme apelo que esses grupos têm com os adolescentes. O que é interessante e mais surpreendente ainda é que muitas negam a alcunha, apesar de a maioria adotar um visual e sonoridade muito vinculadas aos padrões do estilo. Toma-se o exemplo do Panic!at the Disco. Considerada uma das maiores representantes do emo, declararam certa vez no New Musical Express que "é um insulto! o estereótipo são caras fracos com problemas de relacionamento escrevendo sobre o quão tristes são." e que " ultrapassamos o emo faz tempo. O rótulo não cabe mais em nós". Lucas Silveira, do Fresno, declarou para a Bizz em 2006 que " o termo emocore servia para descrever nosso som, já que era hardcore e tratava de sentimentos, mas hoje em dia só quem tem 14 anos e nenhuma noção sai por aí dizendo que sua banda é emo". Já Pete Wentz, do Fall Out Boy, declarou que "nem ligo pra essa polêmica sobre o que é ou não é emo. Acho que tem gente demais perdendo tempo tentando provar que NÃO é emo". Esse aí pareceu mais sincero, na minha opinião.
Ok, entendemos como originou-se esse polêmico movimento. Nas próxima partes abordaremos as características do movimento e o início da emofobia, enfrentando nossos próprios pré-conceitos e julgamentos, numa análise pseudo-sociológica de botequim. Até!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Emo Day - isso mesmo!


E eis que me lembro que, certa vez, ouvi falar que uns blogs, só de zoação, resolveram criar um "Emo Day". E esse dia seria 24 de setembro, ou seja, foi semana passada. E, assim como o post anterior, novamente demonstro meu timing perfeito ao abordar o assunto com uma semana de atraso. Apesar de que, em relação ao post do Natiruts, em que o evento aconteceu cerca de um mês atrás, uma semana é um avanço e tanto...
Ok, sem mais delongas, faremos aqui, em homenagem a essa data, um "especial emo". Uma série de posts onde vamos falar sobre esse polêmico movimento: as origens, as bandas,o comportamento, a ideologia e uma tentativa de entender o porquê deste movimento causar tanta hojeriza e antipatia.
Vou tentar ser imparcial (espero). Até porque sou mais um a aumentar as estatísticas dos que não gostam das bandas emo. Mas topo o desafio, pela questão antropológica da coisa. Coisas de quem fez faculdade de algum curso na área das Ciências humanas - tentar compreender algum aspecto polêmico da sociedade.
Como, em tese, meu diploma me faz um "intelectual"(mas me considero pseudo, daí as aspas)e não tenho nada melhor pra postar aqui, vou fazer essa pesquisa.
Se vocês quiserem saber mais sobre o Emo day, visitem esse endereço:
http://www.nadaver.com/?s=emoday
O melhor de tudo é o símbolo do Emo day. Hilário!
Acima: Fall Out Boy, a banda mais emo com a foto mais emo que pude achar deles.
Ou seja:preparem-se.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A desistência do Natiruts em concorrer ao VMB 2009



Tudo bem, o fato anunciado já ocorreu há quase um mês, mas como não ando acompanhando muito a MTV, passou batido e só hoje fiquei sabendo. Resolvi apurar, e, indo ao site da emissora, constatei que era verdade. A banda pediu para ser retirada da lista de indicadas ao prêmio na categoria Reggae do VMB, premiação anual da MTV Brasil. Primeiro fiquei pensando: por quê? Qual a razão de uma banda se retirar por vontade própria de uma premiação?
Logo abaixo, havia o link para a carta enviada à MTV explicando os motivos da não-participação. Nesta missiva, a banda dizia:

"Estamos nos retirando porque sabemos da grande visibilidade que esse prêmio trará aos indicados e resolvemos deixar nossa vaga para que a MTV tenha a liberdade de escolher uma outra banda que esteja nessa difícil trajetória de crescimento e de consolidação da carreira no cenário da música brasileira. Agradecemos a todos que votam na categoria Reggae. Agradecemos às pessoas que nos acompanham sempre. São vocês que fazem do Natiruts uma banda de respeito e sucesso, aqui no Brasil e em alguns lugares do mundo.Sorte aos indicados."

Realmente, achei muito bacana a atitude deles. Tão bacana que resolvi no ato escrever sobre isso aqui. É uma atitude muito rara no meio musical, quiçá em qualquer campo de trabalho. A banda sabe que tem o jogo ganho, tem um público formado, consolidado e fiel, e holofotes para si. Ou seja: um prêmio como esse não daria mais ou menos visibilidade para eles. No máximo serviria como massagem de ego, algo como "é... sou o melhor artista de reggae pela MTV." Que bom que não caíram na tentação e resolveram projetar os holofotes(eles de novo!) da emissora para outros artistas não tão conhecidos.
Deveriam existir mais ações como essa. Não é demérito algum uma banda que já está consolidada ceder um pouco de seu espaço para as que estão começando, porque o começo é sempre difícil. As bandas grandes já passaram por isso. São as regras do jogo. Só quem tem nervos de aço e muita força de vontade persiste em superar os obstáculos e conseguir um lugar ao sol com sua música. Se quem já chegou lá puder dar uma força, já é algo que vai dar uma ajuda enorme, sem sombra de dúvida.
Parabéns ao Natiruts pela iniciativa e espero que muitos se inspirem nesse exemplo, para que muitas bandas bacanas não parem no meio do caminho pela falta de visibilidade com que muitas têm que se deparar no início de suas carreiras. Até porque, nesse caso, ambos saem ganhando. A banda "pequena" vai ganhar mais espaço, e a banda "maior" vai ganhar comentários elogiosos como esse aqui - o que, convenhamos, é muito bom para sua imagem.

A íntegra da carta do Natiruts pode ser lida neste link:
http://mtv.uol.com.br/noticias/natiruts-pede-para-deixar-o-vmb-2009-leia-explica%C3%A7%C3%A3o