segunda-feira, 27 de julho de 2009

O novo rock


Olhando meu acervo musical esses dias, me dei conta de que nada mudou de uns dois anos pra cá na minha tendência em ouvir música.
Realmente, já há agum tempo, me vejo mais e mais pesquisando bandas e artistas "dinossauros", aquelas coisas "das antigas", os "clássicos", principalmente das décadas de 1960 e 1980 do que bandas mais novas. E, Sinceramente, pouco,quase nada no novo rock chega a me surpreender ou gerar interesse e empolgação. E aí fico pensando: Por quê?
Existem bandas interessantes no cenário atual, sem dúvida alguma. Eu é que posso estar ficando velho, chato, rabugento e ranzinza, mas não consigo me livrar da sensação de que atualmente parece haver um certo vazio no rock.
Muitas bandas atuais parecem carecer de uma certa falta de identidade, e várias aparecem ao mesmo tempo (sintoma da Globalização e de novas tecnologias como a internet), mas parece que pouquíssimas delas tem algo substancial para acrescentar. E muitas desaparecem logo em seguida, sem realmente mostrar a que vieram, sem ter a chance de amadurecer seus trabalhos, de desenvolver uma linguagem própria. E isso é uma pena.
É o tal do Hype, uma expressão típica dos nossos caóticos anos 2000,onde as informações nos bombardeiam a cada instante, surgem e se vão como ondas num mar ressacado. Num belo dia, uma banda aparece como a salvação da lavoura, a mais fodona ou algo que o valha, para depois ser notícia de ontem quando aparecer outra banda para ocupar seu lugar de "queridinha da imprensa musical e de MTV´s da vida." Parece que nada é durável, que tudo está mais e mais descartável.
Além do mais, muitos artistas "das antigas" que citei ali em cima continuam na ativa, mas a maioria não consegue mais produzir trabalhos tão brilhantes quanto os de outrora.
E nesse contexto, ano passado, me apareceu o Little Joy. Gostei no ato e passei a ouvir compulsivamente por um tempo. Porém(sempre há um), além de ser, aparentemente, um projeto paralelo, é formado por 2 músicos já bastante experientes no cenário musical, não saíram do nada. A minha "tese" aqui é a respeito de artistas novos de verdade, desconhecidos do grande público.
O que eu gostaria muito é que apareçam novos nomes que surpreendam, que façam discos daqueles arrebatadores, que façam a pessoa querer escutar umas vinte vezes ao dia, que se tornem clássicos, ou que os que já estão por aí batalhando não acabem antes de firmarem uma personalidade, para que tenha a chance de, no futuro, serem "dinossauros", referências para os futuros apreciadores do rock n´roll. Aí eu paro de reclamar.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

DISCOS DE PRATELEIRA do Roque de Mesa

Gostaria de ter pensado num nome mais criativo, até inédito, para o que estou propondo nessa recém-inaugurada sessão do blog, mas não consigo pensar num mais apropriado que este. Foi tudo o que meus neurônios puderam conceber, antes de se encaminharem para o assunto que virá adiante- não posso abusar dos coitados...
Sim, essa sessão que proponho aqui tratará de discos -campeões de vendagem ou não- que representem algo para os autores do blog, portanto, as opiniões aqui expressas são totalmente pessoais. Falar-se-á (mesóclises, amo-as. Sempre fazem o texto e o autor parecerem inteligentes) aqui de discos que nos marcaram, de alguma forma, e o porquê (na medida do possível) destes terem lugar privilegiado nas memórias musicais dos elementos que fazem esse blog.
Sem mais embromações, vamos ao primeiro, que é...




Sim, eles mesmos. Sou fã desses caras. Quem me conhece sabe disso, e se não sabe, saberá, bastando pra isso deixar um violão em minhas mãos.
Gosto de muitas bandas, mas apenas 4 posso considerar como "bandas do coração"( um termo meio emo, mas na falta de outro, vai esse mesmo): Legião Urbana, Los Hermanos, os Beatles e, claro, os Mamonas.

E por quê logo os Mamonas?

Simplesmente porque, se não fosse esses caras, talvez eu nem gostasse, ou, pior, nem conhecesse as outras bandas que mencionei. Os Mamonas Assassinas trouxeram para mim o universo do rock. Foi ouvindo esse disco que comecei a apreciar de verdade o som da distorção de uma guitarra. Na época, eu era um moleque que ouvia axé (era o maior fã de Asa de Águia da vizinhança) e minhas pretensões musicais resumiam-se a tocar percussão em uma banda do estilo, em cima de um trio elétrico em micaretas. E, se não tivesse existido essa banda, esse disco, me pergunto:estaria realmente fazendo isso?
Porém, deixando de lado as teorias e voltando ao tema...
É um disco alegre, irreverente, escrachado, pouco recomendável para pessoas da minha faixa etária à época, mas que mesmo assim conquistou de forma avassaladora as crianças de então. Ainda mais se lembrarmos que as músicas continham palavrões e versavam sobre "suruba" (que ninguém daquela idade nem sonhava do que se tratava) e até zoofilia (!)("comer tatu é bom, que pena que dá dor nas costas, porque o bicho é baixinho, e é por isso que prefiro as cabritas"...). Nada disso passava pela cabeça das crianças da época. Porém, a maneira como esses temas eram abordados era de forma até leve, se compararmos com outras músicas que rolam por aí hoje (funk carioca? hã?), e "suavizadas" pelo humor. Talvez esteja aí o apelo com as crianças, e o fato dos pais terem permitido a audição desses versos em volume estridente nos aparelhos de som. Sei lá. Só sei que eu achava massa.

E Tudo isso, claro, com ótimos arranjos instrumentais, onde se sobressai a enorme versatilidade dos caras ao transitarem por diversos estilos - Pagode, Baião, Brega,entre outros - e mesclá-los com a pegada do Rock.

Em suma: a audição desse disco mudou minha vida no que se refere à música. E muita gente por aí da minha faixa de idade que também curte Rock n`roll talvez tenha começado a ouvir esse estilo também por influência do quinteto de Guarulhos, e talvez não tenha se dado conta disso ou não queira admitir...

Obrigado, Mamonas Assassinas!

domingo, 12 de julho de 2009

Pirataria x indústria cultural: uma reflexão


(post originalmente publicado no blog caos controlado, também de minha autoria. visite lá! http://www.caoscontrolado.blogspot.com/)
Já que falar de Michael Jackson já cansou, vamos tratar de um tema não menos relevante e muito menos inédito pra quem curte música: a pirataria.
Pois é... a polêmica em torno desse assunto está muito longe de acabar. Algumas das questões mais polêmicas em torno do tema: A pirataria é prejudicial à saúde da nação, já que o resultado econômico da atividade cultural representa, aproximadamente, 6% do PIB brasileiro? A Pirataria é uma prática nociva que dará fim a cultura artística e a propriedade intelectual onde quer que ela exista?A venda de produtos piratas pode ser considerada uma fonte de sobrevivência de (algumas)pessoas que não tem outra perspectiva além de vender Cds e DVD´s falsificados (os camelôs)? ou é apenas o reflexo de um aspecto cultural de nosso povo, o "querer levar vantagem em tudo?"Segundo o site socinpro.org, 'A cada dez Cds vendidos, cinco são piratas, e outros tantos são copiados pela internet. É a chamada Pirataria digital". Opa, peraí: quer dizer que se eu baixar pela internet um Cd que eu não acho em loja alguma eu estou cometendo um crime??????
Vejam bem,não estou querendo fazer apologia alguma da pirataria, só estou apontando questões para discussão ( e não são poucas...), com o máximo de imparcialidade possível.
A questão da pirataria no nosso país tem uma causa óbvia: o gritante descompasso entre a renda do brasileiro e o preço de um produto como um Cd, um Dvd ou um software original (Quem aqui nunca comprou um Dvd pirata que atire a primeira pedra!). Ok, então é só baixar o preço desses produtos que a pirataria acabará. Infelizmente eu descobri que a coisa não é tão simples assim...
Esses produtos vão ficando cada vez mais caros por causa da perda dos lucros das empresas, devido ao grande aumento da oferta de produtos piratas... Ou seja: nessa lógica, o produto vai encarecendo por causa da pirataria e as pessoas compram os produtos piratas porque os originais são caros, o que gera um ciclo vicioso gigantesco. Eu mesmo acho um absurdo alguns Dvd´s custarem R$ 60,00. Tem um cara ali que vende a R$ 5,00. Tentador não?Vejam só onde a situação vai parar...
Mas tem o outro lado da questão: os tempos são outros, o paradigma das coisas está mudando radicalmente e de uma maneira cada vez mais rápida e vertiginosa: O advento da internet, o acesso rápido a uma quantidade enorme de informação, a digitalização dos filmes e da música, que acabam por não necessitar mais de suportes físicos (o Dvd e o Cd), os sites e programas especializados em compartilhamento de arquivos. Há ainda a questão da música independente, mas isso é coisa para outro post...
Ou seja: está claro que a indústria cultural, nos moldes de hoje, está condenada ao desaparecimento caso não se adapte às características dos novos tempos, que até o momento vêm favorecendo os "piratêros". Porém, isso não é uma resposta definitiva para o problema, já que gera mais um monte de questões: caso haja essa adaptação, como ela será? A pirataria diminuirá ou terá seu fim decretado? E a propriedade intelectual, como ficará? que tipo de cultura a internet está forjando para o futuro? As locadoras de vídeo e as lojas de CD´S vão acabar?Eu deixarei de ser considerado um meliante ao baixar discos pela internet?
Pois é, ô mundo complicado, esse...

domingo, 5 de julho de 2009

Ainda existirão ídolos na proporção de Michael Jackson?

Alguns dias já se passaram desde o ocorrido. E não foi um acontecimento qualquer. Foi, sim, algo de grandes proporções: a maior estrela do pop faleceu. Com isso, veio a reboque tudo o que deveríamos esperar e que já vimos antes várias e várias vezes: a imprensa não falava de outra coisa; e aquela gripe lá que estava tirando o sono de muitos ? E aquele avião que caiu? E o Sarney?

Todo mundo falava de Michael Jackson. Todo mundo que tirava sarro estava falando bem, inexplicavelmente . Todo mundo virou fã de Michael Jackson. O seu vizinho ou vizinha, que só ouvia Banda Calypso e Aviões do Forró, agora ouve Thriller o dia todo. O cara que vende mídias piratas ali na esquina já tem as mais variadas coletâneas de Greatest hits do cantor. Ah, e Thriller está lá, obviamente. Aí você vai no centro comercial da cidade, e todos os lugares onde vendem mídias piratas tocam Thriller. Você vai num barzinho com música ambiente e tocam Thriller. O carro de som que anuncia as ofertas daquela mercearia do bairro com pretensões a supermercado toca Thriller. Você liga o rádio e está tocando Thriller. Você ouve falar do Roque de mesa, um blog bacana sobre música, e acessa o dito-cujo. Não está tocando Thriller. Você sente um momentâneo alívio e aí constata que tem um post bem ali falando de Michael Jackson. Bem, depois de tudo isso, nós podíamos ficar de fora? Que raios de blog de música seria esse, se não falasse de Michael Jackson?

Porém, caso o incauto eventual leitor ainda esteja por aqui, prometo que o enfoque desse post vai ser diferente. Sério.

Ok, você ainda está lendo? Obrigado. Vamos lá, então: Tudo que citei acima, mostra nas entrelinhas que há algo mais que sensacionalismo de imprensa e os modismos que de vez em sempre aparecem por essas terras. Mostra o tamanho da importância de Michael Jackson como ícone da cultura pop. E ficam também algumas questões no ar: haverá uma figura que chegue a estas proporções no meio musical? há ainda, no contexto do cenário atual, possibilidades de aparecimento de mega-ídolos do tipo?E porquê pergunto isso?

Bem, nós pouco nos damos conta, mas vivemos num período de transição no mundo da música, onde a indústria cultural, as grandes gravadoras , estão a cada dia sentindo os reflexos da troca de arquivos e dos downloads de música. Além disso, mais e mais grupos e cantores -independentes ou não- surgem divulgando seus trabalhos, numa onda frenética, numa avalanche de música como nunca se viu antes e de tal forma que é impossível estar antenado com tudo. Fora isso, ainda existem as celebridades-relâmpago, aquelas que depois de 15 minutos, desaparecem, tal qual profetizou Andy Warhol(alguém aí pensou no Big Brother e no ídolos?).Ou seja: estamos na era do tudo-ao mesmo tempo-agora. E volta a questão: ainda há espaço para ídolos nesse admirável mundo novo da música?

Na minha humilde opinião: sempre haverá ídolos no meio musical. Isso porque o ramo da música depende disso, já que, se uma banda lança um trabalho,alguém vai gostar. Logo, um público, ainda que pequeno, vai se formar. E aí se a hipotética banda conseguir se firmar, será apresentada a outro tipo de público: os fãs. E aí eles se tornam ídolos. Mesmo que seja de cinco pessoas, mas serão ídolos de alguém.É uma equação até que bastante simples, se vista dessa forma. Mas não é assim tão fácil...

Porém: o surgimento de ídolos na proporção de Michael Jackson, nesse contexto atual que citei, acredito que é muito difícil. E porquê?

O aparecimento de um mega-ídolo requer todo um trabalho, não só musical, mas também financeiro e de marketing. O cara pode ter muito talento, mas pra chegar ao menos perto de onde Michael chegou, tem que ter uma enorme estrutura por trás (sem maldade aqui, hein?), e que envolve milhões. E tal estrutura requer uma indústria musical com $aúde financeira para bancar tudo, além de gente disposta a comprar qualquer coisa que tenha estampada a imagem do astro. As pessoas têm que não só gostar dele, mas amá-lo. E aí entra o marketing. E aí vão mais milhões...
Além do mais, para além de toda a questão mercadológica, Michael Jackson tinha, inegavelmente, um talento fora do comum, reconhecido desde sua infância. Porém, mesmo sendo um excelente artista, milhões foram gastos para se promover sua imagem. Um ídolo não chega a tal da noite para o dia, e nem totalmente do nada. Precisamos enxergar além do mito.

É isso, senhoras e senhores. Não vou me alongar mais. Concluo minha tese acreditando que no contexto atual, não há condições de surgir alguém do nada e se transformar num superastro. A indústria ainda movimenta milhões, mas também está tendo prejuízos a cada ano, vendo o seu negócio passar por um período de mudanças que ninguém sabe aonde vai dar. Assim, fica difícil manter aquela estrutura que mencionei, sem falar na enorme enxurrada de novos nomes que presenciamos por esses dias, os quais nem sabemos se durarão, independente de seu talento ou até da falta dele.

Agora deixe-me ir, pois bateu uma vontade danada de ouvir Thriller.
E se você também quiser ouvir Thriller, acesse o link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=AtyJbIOZjS8&feature=fvst


Até a próxima.